segunda-feira

visão da áfrica

negra dourada de cujos punhos
saltam tufos
negra tão forte dourada & branca

ó negra beleza, que ergues a cabeça
& projeta teu peito
para que os guerreiros vejam

o mundo inteiro negra-se pasmo, atônito
por seu bico seu passo sua dança
& todos os seres reverenciam teu poder

domingo

milserpentes

eu vi o negrum infindo
lá onde tudo é vasto e sem nome
vasto devastado negro inominável
possa eu sempre permanecer em pé
mesmo que os ventos nahualis queiram erodir-me todo
mesmo que seu peso imenso queira esmagar-me
possa eu permanecer em pé
eleali ualá eleaui ho
& uma porta para um mundo serpentino
muitas cores chamo-o
mil serpentes é um só
mil serpentes caminha com leveza
há perigo em conhecê-lo
& uma medicina oculta

sexta-feira

olhar um mundo
cavalo caracol serpente
debaixo um chapéu um homem
um mundo infinitivo indefinido indeterminado
insignificante um homem um rato um cavalo um rato
chapéu & mundo
como uma flor se morre? criança cresce como? Krishna dança-se
uma yuga dura um tempo depois outra morre-se
afeta-se um corpo
nunca um sempre

quinta-feira

minha saudade é obscena
vontade de cheirar-te
e ser uma cadela lambendo teu pelo
minha saudade tão mansa
uma lembrança brota um sorriso
e isso passa em meu corpo
como uma seda
e amaldiçôo a distância
a estrada ruim
o calendário acadêmico
teu namorado abençôo
sinto ternura suave como uma princesa encantada do reino da virgem
e uns pensamentos sacanas como duas bocas no meu pau
você é um monte de letra de pedra de minas
e tua carne não é lembrança
é devir