e se de mãos dadas chafurdarmo-nos nas águas estendidas da preamar?
e se eu lesse, sob um tímido sol de nem primavera, na palma da tua mão uma vida adicionada de graças?
e se nós contássemos histórias do tempo em que éramos anjos e o mundo não girava em torno de nossos paus?
(você ainda não sabe de quando eu mergulhei na pedra e rachei minha cabeça...
nunca lhe disse ao ouvido quanto tempo durou minha virgindade...
nem que fui apóstata...
nem que sou sádico...)
e se eu lambesse dentro do teu olho esquerdo sem sentir nojo?
e se eu dissesse?:
esse menino de pele castanha
esse de olhinhos pretos
esse poeta de coxas de fauno
esse é um meu amor
e se eu sorrisse quando você se espreguiçasse?
e se chapinhássemos nas águas do mar gelado do sul?
talvez se secaria a lágrima preta que ganhou o seu retrato
e ele que pintou tuas olheiras seria uma memória quente e doce como o chá de hortelã
e nós, tornados peixes, nadaríamos, silentes & amantes, no ventre da estrela da manhã
2 comentários:
Pedro, teu espaço poético é.. fantástico, mágico, angustiante, imenso...feito o mar.
Bjo
:)
http://pulsarpoetico.zip.net
o poeta vai.
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