sexta-feira

Samaya

Que Deus cegue esse menino
Que deuses o seguirão


se for preciso arranco meus olhos
salto o abismo contra a rocha
ou trabalho nu por trilhões
de trilhões de éons em cada uma
dos trilhões de estrelas de cada um
dos trilhões de universos concebíveis

se for preciso crio
trilhões de braços
como o Arya nobre
Avaloktsvara

se for preciso saio beijando as bocas
dos trilhões de desconhecidos

se for preciso semeio a esperança

se for preciso canto vitória
antes da hora
pra ver se se alegra
um outro (que é o mesmo)
e desperta senão o que é
aquele que deseja ser

faço o voto bodhisatva
eu tomo o daime
viro soldado da rainha
me interno no mosteiro
se preciso for

leio etnografias
mostro o cu pra um estrangeiro
canto pra exu
recito aves marias
eu subo o morro pra tentar me divertir
se isso tudo for preciso

eu adoro a krshna
reconheço em todos
o ser divino
rego com o saber transcendental
a raiz da compaixão

se for preciso eu amo

2 comentários:

dani carrara disse...

bonito aqui. me deu vontade de sorrir esse poema. sem falar que eu adoro esse nome "pedro".

pedro disse...

Grato, Dani. Fique sempre à vontade. E fico feliz por ser pedro.
Até!