sábado

quando respiro é a ti que respiro
como quem inala ardor & ouro vivo

tu me feres a cada passo
quando ando nas calçadas descalçado
em ti piso, tu brasa, caco de vidro
meu sonhar mais aflito é teu
tu és o sonho & a baba & o suor

quando as bocas mais mundanas
desconhecidas, vagabundas
sugam-me em sófregas felações
é a tua boca, que não existe outra
que nunca existiu outra
que em toda parte só existe tua boca
e a minha dor gozosa de conhecê-la
de estar nela, de ser também tua boca
e de morrer nela agora & sempre amém

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