descobri um poeta que morreu, mãe
você precisa de ver são paulo toda alagada ainda bem que seu pai veio embora
era triste, mãe
põe um descanso na mesa, a sopa está quente
ele era um elefante
fiz croissant, coração
(eram crotons ao alho, mas gostei do verso dela)
vou por vinagre doce na salada
(aceto balsâmico)
mãe, o mário era um jabuti
oswald era um gavião-de-penacho
o piva também é um gavião
tem batata-doce na sopa
o gavião ta morrendo numa enfermaria do hc
seu pai não gosta de sopa
mãe, que engraçado, o elefante se chamava leão
2 comentários:
amei,
e não escreça de comer a sopa toda, pedro. pra vc crescer forte..rs
Grato, Dani.
Isso prova que vale publicar poemas que julgamos ser maus (no caso péssimo) poemas. Só publiquei porque estava realmente comovido, ou talvez devesse dizer abalado, pelo que tinha lido de Rodrigo de Souza Leão, o poeta elefante. O valor não está, segundo meu julgamento, no poema mesmo, em sua construção, que não é exatamente um ouropel finíssimo, seu valor é de ordem sentimental. A memória de Rodrigo que jamais conheci me é angustiante ao extremo, fixar minha atenção nele enlouquece-me, e no entanto ninguém dá conta de que poetas, ao menos poetas dessas magnitudes como os cantados nestes versos, são um distúrbio na ordem das coisas, são bruxos, são bichos em devires humanos, ou o contrário; e essa falta de atenção ao extraordinário é que tentei retratar nesse não-diálogo quase real entre o eu-lírico e sua mãe. ou entre mim e minha mãe...
de toda forma agradeço alegremente teu amor por essa agonia.
só não posso é crescer forte, que as pessoas (salvo um diferencial chamado pela medicina em voga de patológico) não crescem na minha idade. Em geral elas engordam.
Abraços.
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